Litro do biocombustível está 12% mais elevado do que em 2023 e só perde para valor praticado em 2021, segundo ANP. Com tempo seco deste ano, não há expectativa de baixa nos próximos meses, diz especialista. Carro sendo abastecido em posto de combustíveis Marcelo Camargo/Agência Brasil Em plena safra da cana-de-açúcar, o consumidor do estado de São Paulo está pagando, em média, 12% a mais pelo etanol. De acordo com dados de setembro da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), os motoristas, concentrados em uma das principais regiões sucroenergéticas do país, desembolsam R$ 3,88 por litro, diante dos R$ 3,47 cobrados no mesmo período do ano passado. Siga o canal g1 Ribeirão e Franca no WhatsApp Ainda que mais vantajoso na comparação com a gasolina, o preço elevado chama atenção, não só por refletir uma tendência de alta desde 2022 (veja no gráfico abaixo), como também por ocorrer justamente em uma época em que as usinas, por ainda estarem moendo e processando cana-de-açúcar, têm maior oferta do biocombustível. Cenário que muda com a chegada da entressafra, período em que as indústrias encerram a produção para se preparar para o próximo ciclo agroindustrial. "Se o aumento for absorvido até determinado ponto, o posto não repassa isso pra bomba. O que vai acontecer nos próximos dias é que nós vamos entrar no período da entressafra, que é um período em que a usina faz a manutenção dos equipamentos e para de moer a cana. Então a tendência é que o preço da usina para a distribuidora e consequentemente para o posto deva subir consideravelmente", afirma o empresário Fernando Rocca, dono de um posto em Ribeirão Preto (SP). O que os motoristas sentem no bolso está associado a pelo menos três fatores, segundo o consultor especialista em agronegócio José Carlos de Lima Júnior. São eles: clima custos de produção políticas públicas Usina de cana na região de Ribeirão Preto Reprodução/EPTV O primeiro deles é um dos mais evidentes nas últimas semanas. Com o clima seco, o calor elevado e a sucessão de incêndios, a produtividade das lavouras tem caído, assim como o nível de rendimento da matéria-prima, medido em açúcar total recuperável (ATR), que se converte de fato em açúcar ou etanol. Dados da Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana) apontam que 3 mil focos de incêndio queimaram 181 mil hectares e deixaram um prejuízo estimado em $ 1,2 bilhão. LEIA TAMBÉM Fogo em canaviais destrói área maior que cidade de São Paulo e deixa prejuízo de R$ 1,2 bilhão, diz Orplana Agricultores de SP relatam prejuízos com invasão de lebres após incêndios: 'nunca tivemos tanto ataque' Outro problema enfrentado pelo setor é o aumento dos custos de produção, que estão muito mais elevados do que há um ano. Além disso, as políticas públicas recentes também interferem, sobretudo a retomada de tributos que incidem sobre o combustível, como o ICMS, em São Paulo. "[O ano de] 2024 está sendo marcado por uma seca muito intensa e um dos desdobramentos dessa seca é exatamente a produtividade dos canaviais que está menor quando você compara com anos anteriores. Então nesse 2024 é muito difícil a gente ter uma redução de preço marcada principalmente pela oferta das usinas nos campos", afirma. Safra menor O aumento nos preços do etanol já era uma das consequências esperadas por especialistas para este ano em função de uma safra menor projetada para o ciclo 2024/2025, incluindo para os subprodutos da cana. Com a onda de incêndios, as projeções ficaram ainda menores. A moagem, então prevista para 602 milhões de toneladas no Centro-Sul do país, caiu para 593 milhões, quase 10% menos do que o realizado no ciclo 2023/24. Os impactos também devem ser percebidos no rendimento industrial e nos volumes de produção de etanol e açúcar. No caso do açúcar, por exemplo, as usinas devem produzir 39,30 milhões de toneladas e não mais as mais de 40 milhões de toneladas esperadas anteriormente. Fogo em canavial na região de Morro Agudo (SP) Reprodução/EPTV Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão Preto e Franca VÍDEOS: Tudo sobre Ribeirão Preto, Franca e região
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https://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/estacao-agro/noticia/2024/09/26/clima-custos-tributos-por-que-etanol-esta-mais-caro-em-sp-antes-da-chegada-da-entressafra.ghtml
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