Diferentes divisões da Polícia Civil realizam investigação conjunta, com suspeita de que envolvidos em troca de tiros em Cajuru (SP) faziam parte do mesmo grupo que atuou no ataque ao carro-forte da Protege, na região de Franca. Perícia em armas apreendidas, análise de laudos necroscópicos, novas buscas e o recebimento de denúncias de moradores são algumas das diligências da Polícia Civil para investigar as circunstâncias de uma perseguição seguida por um tiroteio que terminou com a morte de um policial militar e de três suspeitos de participar de um ataque a uma empresa de valores nesta semana na região de Ribeirão Preto (SP). O confronto ocorreu na última quarta-feira (11), na Rodovia Joaquim Ferreira (SP-338), que liga Cajuru (SP) e Altinópolis (SP), depois que agentes do Batalhão de Operações Especiais de Polícia (Baep) desconfiaram de pessoas que estavam dentro de um veículo e que fugiram diante da ordem de parada das autoridades. Faça parte do canal do g1 Ribeirão e Franca no WhatsApp O tiroteio ocorreu apenas dois dias depois de um assalto a um carro-forte da Protege, também marcado por fuga e troca de tiros, inclusive com o uso de armamento pesado, na Rodovia Cândido Portinari (SP-334), entre Batatais (SP) e Restinga (SP). Baleado na troca de tiros entre PMs e fugitivos em rodovia na região de Altinópolis e Cajuru, SP Murilo Badessa/EPTV Além da proximidade dos eventos, a forma de atuação e o aparato utilizado - com carros de alto valor de mercado, além de um arsenal de guerra com coletes balísticos e roupas militares - não deixam dúvidas, para os investigadores, de que as duas ações estão relacionadas e podem ter tido o envolvimento de uma mesma organização criminosa. Por isso, a Divisão Especializada em Investigações Criminais (Deic), da região de Ribeirão Preto (SP), atua em conjunto com a Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Franca (SP) na apuração dos fatos. Até a última atualização desta reportagem, nenhuma prisão tinha sido confirmada. A seguir, entenda o que se sabe e o que ainda depende de mais investigações sobre o caso: Onde e como ocorreu o tiroteio? Quem morreu e quem ficou ferido na ação? O que foi apreendido após o tiroteio? O que relaciona o ataque ao carro-forte com o tiroteio? Que laudos e diligências ajudam nas investigações? Troca de tiros deixa policiais feridos entre Cajuru e Altinópolis, SP Reprodução/ Redes sociais 1.Onde e como ocorreu o tiroteio? O confronto ocorreu na tarde da última quarta-feira (11) e começou com uma perseguição ainda na Rodovia Altino Arantes (SP-351), onde agentes do Baep foram acionados pela Polícia Militar Rodoviária para interceptar veículos que, duas horas antes, haviam sido filmados trafegando pela Rodovia Cândido Portinari (SP-334) e que levantaram suspeitas. Segundo o boletim de ocorrência, o que chamou atenção dos agentes naquele primeiro momento era o fato de que os automóveis - um VW/TCross cinza e uma Mitsubishi ASX marrom - tinham passado pela mesma estrada dias antes, mas com placas diferentes. LEIA TAMBÉM Sob comoção e expectativa por secretário, PM morto em troca de tiros com fugitivos é velado em Ribeirão Preto Suspeito de ataque a carro-forte já havia sido preso há 9 meses por guardar 'arsenal de guerra', diz delegado VÍDEO: motorista se deita no asfalto e se desespera ao presenciar tiroteio em rodovia de SP: 'bem na minha frente' Metralhadora, fuzis, colete à prova de balas: o que foi apreendido após tiroteio que matou fugitivos e PM Sabendo disso, uma equipe do Baep se deparou com a Mitsubishi ASX passando pelo quilômetro 9 da Rodovia Altino Arantes, na direção oposta à dos policiais. De acordo com o boletim de ocorrência, assim que os ocupantes viram os policiais, o motorista acelerou em fuga. Os policiais mudaram de direção na pista e seguiram a Mitsubish até a Rodovia Joaquim Ferreira com apoio de mais duas viaturas. Depois de aproximadamente dez quilômetros de deslocamento em alta velocidade, os criminosos pararam o carro na altura do quilômetro 337, desembarcaram próximo a um caminhão que estava parado no acostamento e começaram a atirar em direção aos policiais do Baep com fuzis de calibre 762 e um fuzil ponto 50. Os agentes, por sua vez, reagiram com mais disparos. Veja simulação do confronto entre a polícia e suspeitos em rodovia do interior de SP 2.Quem morreu e quem ficou ferido na ação? Quatro pessoas morreram no tiroteio, entre elas o sargento da Polícia Militar Márcio Ribeiro, de 49 anos, após ser atingido na cabeça por um disparo de fuzil ponto 50. Ele chegou a ser socorrido e levado para um hospital de Altinópolis, mas não resistiu. Os outros três fugitivos que estavam na Mitsubish também morreram baleados no local. Como eles estavam com documentos falsos, a verdadeira identidade deles, no entanto, não tinha sido confirmada pelas autoridades até a última atualização desta reportagem. Sargento Márcio Ribeiro, morto em troca de tiros com suspeitos de ataques a empresas de valores no interior de São Paulo Reprodução/EPTV Motorista do caminhão que estava parado no acostamento da rodovia, Lenilson da Silva Pereira, de 42 anos, foi atingido dentro da cabine por um dos disparos. Ele foi levado em estado grave para a unidade de emergência do Hospital das Clínicas (HC-UE) onde passou por uma cirurgia neurológica, de acordo com boletim de ocorrência. 3.O que foi apreendido após o tiroteio? Armas usadas por criminosos em troca de tiros com a PM entre Cajuru e Altinópolis, SP Cacá Trovó/EPTV Com a morte dos suspeitos, a polícia conseguiu apreender todo o arsenal dos criminosos na ação. Entre o que foi recolhido estão: 2 pistolas glock 9mm; 32 carregadores calibre .762; 2 cunhetes metálicos para munição; 4 conjuntos de coletes à prova de bala (frontal e costal) com placas de cerâmica, altamente resistentes; capacetes balísticos, cintos e coldres específicos de guerrilha; 1 metralhadora calibre .50; 3 fuzis calibre .762; 528 munições calibre .762; 38 cartuchos de munição calibre .50 Além disso, os policiais apreenderam a Mitsubishi ASX, constataram que o veículo é blindado e que, dentro dele, havia placas automotivas, abafadores e rádios-comunicadores. Carro usado por criminosos em tiroteio com PM e suspeitos mortos em rodovia da região de Ribeirão Preto (SP) Reprodução/EPTV Delegado da Deic, Kleber Granja classifica como "material de guerra" o que foi apreendido após o confronto e levanta a suspeita de que parte desse arsenal tenha sido adquirido fora do país. "O material é de Exército, a ponto 50, os fuzis 762, as pistolas, elas têm um poder muito grande de contraponto e são usados por células militares. Nós conseguimos identificar que uma parte desse acervo, principalmente as placas balísticas frontal e costal, têm uma identificação de possivelmente ser um país limítrofe com o Brasil. Estamos trabalhando com o Exército agora pra tentar, por número de série, chegar a uma eventual compra", disse. 4.O que relaciona o ataque ao carro-forte com o tiroteio? Para a Polícia Civil, há fortes indícios de que os envolvidos no tiroteio na Rodovia Joaquim Ferreira faziam parte do mesmo grupo que atacou o carro-forte da Protege, no início da semana, na Rodovia Cândido Portinari. Entre os elementos que reforçam essa hipótese estão: o carro: a Mitsubishi ASX onde os criminosos estavam já tinha sido vista em rodovias da região dias antes, mas com placa diferente, segundo o boletim de ocorrência; o poder bélico e o 'modus operandi': o aparato estruturado de armas, equipamentos e veículos coincide nas duas ações; o local dos fatos: segundo a polícia, a estrada em questão é muito utilizada para transporte diário de grandes quantias em dinheiro por parte de empresas especializadas. "Pelas características de ação que a Polícia Civil identificou, que a Polícia Militar nos relatou, há claramente a identificação de que essas células já estavam se deslocando para praticar mais um atentado contra a nossa comunidade", afirma Granja. 5.Que laudos e diligências ajudam nas investigações? Segundo o delegado da Deic, uma das questões prioritárias é confirmar a identidade dos suspeitos por meio dos exames necroscópicos e da análise das digitais dos investigados, por meio de um cruzamento de dados, no Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt (IRGD). "As identidades são falsas. Eles não andaram com identidades pontuais. Identificando cada um deles, nós passamos a analisar o perfil deles e ver qual é o histórico criminoso deles e tentar identificar se eles estiveram em deslocamento na nossa região para conhecimento de outros crimes", explica Granja. Tiroteio e perseguição a suspeitos de ataque a carro-forte mobilizou Polícia Militar na região de Ribeirão Preto (SP) Reprodução/EPTV Outro ponto importante da investigação são as avaliações do laboratório de balística com os projéteis que foram utilizados e nos cartuchos íntegros, bem como um laudo pericial no carro que foi apreendido e informações sobre os aparelhos celulares que foram encontrados com os suspeitos. "Temos também um pilar voltado para a investigação tecnológica, relacionado principalmente a dados móveis, dados telefônicos de deslocamento de torres de retransmissão desses celulares." Além disso, a polícia tem realizado monitoramentos com drones termais, ou seja, com captação de áreas de calor que melhoram o rastreamento noturno, e um batalhão da PM especializado em áreas florestais. "Nessa região, onde a gente tem identificado pontos sensíveis de possível deslocamento e de possível ponto de base operacional criminosa, é aí que estamos focando." A Polícia Civil também conta com denúncias de moradores, principalmente da zona rural. "Todo o conjunto de ruralistas, de funcionários que atuem nessa região, que tenham conhecimento, que tenham visto veículos em atitudes suspeita com esse perfil, veículos grandes, SUVs, que possam estar pessoas desconhecidas, com trajes militares, que possam estar passando essa informação para o disque-denúncia da polícia". 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https://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2024/09/13/o-que-se-sabe-sobre-tiroteio-que-terminou-com-pm-e-fugitivos-mortos-em-rodovia-do-interior-de-sp.ghtml
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