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Refugiado sírio reconstrói vida em Ribeirão Preto vendendo comida árabe: 'Brasil virou nosso país'


No país desde 2014, empresário de 41 anos superou barreiras linguísticas, constituiu família e abriu restaurante. Além dele, mais de três mil estrangeiros foram registrados na cidade nos últimos dez anos. Mohamad Dughmosh, de 41 anos, mudou-se para Ribeirão Preto (SP) e abriu restaurante árabe Arquivo pessoal Há 10 anos, Mohamad Dughmosh, de 41 anos, chegava ao Brasil refugiado da guerra civil na Síria, em confronto desde 2011. Sem saber falar 'nem bom dia', como ele mesmo diz, Mohamad superou a barreira linguística e hoje tem, junto com a mulher, um restaurante de comidas árabes que atua com delivery. Faça parte do canal do g1 Ribeirão e Franca no WhatsApp Mohamad vivia na capital, Damasco, quando estourou a guerra. No Brasil desde 2014, escolheu o país porque morava próximo à embaixada brasileira e soube, por meio do pai, que vistos estavam sendo concedidos aos refugiados ali. Segundo ele, toda a família deixou a Síria na condição de refugiada e brinca que 'cada país tem um pedaço da família', uma vez que seus pais vivem na Espanha e tem também irmãos na Alemanha. No Brasil, Mohamad escolheu Uberaba (MG) para viver em um primeiro momento, onde trabalhou como frentista em um posto de combustíveis e depois em um restaurante. LEIA MAIS Tradicional ponto turístico de Ribeirão Preto, Jardim Japonês é reaberto após dois anos 'Califórnia Paulista', 'Califórnia Brasileira': nos anos 80, Ribeirão Preto foi comparada a estado americano Com um mês no novo país, sofreu um assalto no estabelecimento e não entendeu o que estava acontecendo. "Não entendia nada do que ele dizia, meu primo traduzia pra mim o que ele queria", conta. Mohamad ficou na cidade mineira até 2017, e então a possibilidade de viver em Ribeirão Preto surgiu na vida dele. A chegada em Ribeirão A mudança foi possível porque o ex-patrão de Mohamad chegou a Ribeirão Preto para abrir um restaurante na cidade. Começava ali uma nova fase na vida do refugiado. Em 2019, Mohamad se casou com a mulher, que também é síria e, no mesmo ano, conseguiu a cidadania brasileira. Hoje, o casal tem dois filhos, de 7 e 5 anos, e é proprietário de um restaurante de comida árabe que faz entregas delivery. Ele administra, ela cozinha e, assim, o casal construiu uma vida em Ribeirão e pretende continuar. Para ele, até o calor da região é atrativo para permanecer na cidade. Mohamad abriu um restaurante de comida árabe em Ribeirão Preto Reprodução/Arquivo pessoal O sírio, que também é muçulmano, frequenta uma mesquita criada no bairro Monte Alegre, a primeira de Ribeirão. Antes, ele diz, era necessário viajar até Barretos (SP), para exercitar a religião. Agora, a família tem tudo o que precisa para criar raízes de maneira definitiva. "O Brasil virou nosso país, a gente virou brasileiro. Brasileiros são acolhedores, dão abraço, temos muito amigos. A gente gostou do país por causa de vocês, dos brasileiros. Povo brasileiro trata muito bem com o estrangeiro", diz Mohamad. Quando olha para o país natal, o sírio vê com saudade, mas ressalta que não pretende voltar. Ele observa a situação nos dias de hoje com tristeza. "Saí de lá com 31 anos, mas hoje penso que irei para visitar, só isso". A guerra civil destruiu boa parte da infraestrutura da Síria, incluindo prédios e ruas da cidade de Aleppo Getty Images via BBC Região atrativa para refugiados e imigrantes Nos últimos dez anos, cerca de três mil estrangeiros foram registrados em Ribeirão Preto, segundo dados do Sistema de Registro Nacional Migratório (Sismigra), ligado ao Ministério da Justiça. O levantamento contabiliza imigrantes e refugiados. William Torres Laureano, associado de proteção do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) no Brasil, diz que a região de Ribeirão é atrativa por trazer oportunidades de emprego, desenvolvimento e acolhimento. Atualmente, no mundo, são cerca de 120 milhões de pessoas com necessidade de proteção internacional, segundo o relatório anual da ACNUR. Em dez anos, esse número aumentou 100%. Imigrantes no mercado de trabalho em Ribeirão Preto, SP Reprodução/EPTV O Brasil, apesar de não ser conhecido como um destino com fluxos de refúgio, tem uma das leis mais avançadas do mundo, segundo Laureano. Aqui, o refugiado tem acesso fácil à documentação para trabalho, abertura de conta bancária e integração. "Quando falamos do Dia Mundial do Refugiado [comemorado na quinta-feira (20)] e temos essa data no calendário para mostrar a importância que cada um tem no acolhimento dessas pessoas. Não é só o Estado nem os municípios, mas é cada um de nós", diz Laureano. Mesmo sem fronteiras com países em situação de crise, com exceção da Venezuela, e com a barreira linguística que separa o Brasil dos outros países da América Latina, são 730 mil pessoas sob proteção internacional no país. Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão Preto e Franca VÍDEOS: Tudo sobre Ribeirão Preto, Franca e região

source https://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2024/06/23/refugiado-sirio-reconstroi-vida-em-ribeirao-preto-vendendo-comida-arabe-brasil-virou-nosso-pais.ghtml

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